quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Pauzinhos da Produtividade

Pauzinhos da produtividade (seja sempre a sua vitória).

2018-03-22 | Flávia Salles

O ambiente não era uma sala pequena, fechada. Dividíamos o espaço com um andar inteiro trabalhando. Éramos eu e mais 4 profissionais experientes (e bons) dividindo uma mesa numa sala grande com várias pessoas trabalhando. Cada um de nós recebeu uma folha onde deveríamos desenhar vários pauzinhos enquanto a profissional de RH acompanhava com um cronômetro. Ao sinal dela tínhamos que marcar uma pausa entre os pauzinhos e continuar.

Num determinado momento a profissional avisou: Isso é um teste de produtividade!!

Todos aceleraram. Eu sou boa com pauzinhos, não me preocupei com o aviso. Meu lado autodivertido ou nonsense se divertiu com isso.

Antes de nos passar as próximas etapas do processo, que incluíam um bloco de perguntas e respostas, redação, etc, a profissional de RH deixava claro o quanto achava importante dar um retorno aos seus candidatos e que nunca deixava nenhum deles sem resposta.

Até hoje nem eu ou qualquer um dos meus colegas recebeu qualquer retorno (acho que alguns até tentaram contato).

Mas esse dia não ficou perdido, me valeu um passeio no shopping com uma amiga (que também estava no processo).

Eu tenho um certo trauma com esses pauzinhos. Apesar deles me divertirem eu nunca entrei em qualquer empresa cujo o processo envolvia os pauzinhos da produtividade. Será que devo agradecer? É ofensivo expor esse meu pensamento? Nunca mais ninguém de RH vai me ligar?

Bem, numa outra situação, em outro processo seletivo, eu não podia nem pensar em entrar no carro sem que o celular estivesse conectado ao bluetooth. Além de entrevistas pelo Skype, eu recebia diversas ligações tanto do RH como de diversos gestores de outros estados. Depois de algumas semanas onde chegaram a me passar salário e benefícios, me informaram que na semana seguinte o processo seria finalizado.

Até hoje não me retornaram.  isso tem mais de 1 ano. Ao contrário do processo que envolvia os pauzinhos da produtividade, esse me interessava bastante por ser uma oportunidade que envolvia liderança.

Passadas algumas semanas, nas duas vezes que contactei o RH não consegui falar com a pessoa que tanto me ligou (#falaamiga). O máximo que me diziam é que eu receberia um email (que até hoje não chegou).

Eu estava praticamente contratada (ou pelo menos acreditava nisso).

Desde que participei de uma demissão em massa em maio passado, todas as vezes em que me aloquei o processo foi rápido e objetivo. Com entrevistas técnicas e comportamentais, mas rápido e objetivo.

Mas sim, dezenas deles foram desgastantes. Lembro das vezes em que eu estava em treinamento (cursos caros) e mesmo assim tinha que deixar o celular ligado para simplesmente passarem a me ignorar uns dias depois.

No meu caso, graças a Deus não existe nada nesse mundo que faça eu me sentir um lixo. Tenho consciência do que eu sou e do que eu posso oferecer.

Todos nós temos qualidades!!

Tenho uma boa estrutura emocional em casa e nunca passei sufoco. Mas e quanto a tantos colegas que vejo aqui? Profissionais de longa data. Profissionais bons que estão há tanto tempo desalocados e já desgastados emocionalmente e financeiramente?

Me pergunto em que momento que essa relação ficou assim tão banalizada e tão pobre. O que está acontecendo? É a "apenas" situação do Rio de Janeiro? Estamos nos perdendo como pessoas e como profissionais? Já não basta sermos barateados?

Não sei a realidade de cada um, sei da minha. Mas te digo:

NÃO DESANIME!!!

Acredite no seu caminho, que pode OU NÃO ser "esse".

Ocupe a sua mente! SEMPRE!

Acredite em você como profissional. Você é importante! Você é bom! Você tem SIM muito valor!

Seja qual for o seu ponto forte ou a sua maior qualidade, você tem muito a oferecer às pessoas e ao mercado de trabalho (já me falaram isso e eu nunca esqueci)!

Abra seu leque de opções. Considere temporariamente outros Estados. Considere caminhos paralelos. Reinvente-se!

Pense todos os dias: O que eu posso fazer hoje para mudar a minha situação? O que eu posso fazer hoje, por menor que seja, para alcançar o meu objetivo ou para ficar mais próximo dele?

O que eu ainda NÃO fiz?

E como eu tenho tido um tempinho extra para me inteirar da cultura popular, levanta a cabeça senão a coroa cai (seja você rei ou rainha).

Tive um projeto que acabou final de janeiro e passei parte de fevereiro e março de cama, com a danada da Chikungunha. Só por isso, e apenas por isso, meu ano produtivo parou próximo ao período de Carnaval.

Não espere por datas, por segundas-feiras. Não espere que alguém te dê valor. Vá atrás do que você acredita.

Para finalizar, os bons profissionais de RH que me perdoem (pelo amor de Deus, eles são muitos e vários são amigos queridos), mas estou descrente de tudo que envolve esses pauzinhos.

(Revisado em 06/09/2018)